Sexta-feira, 4 de Fevereiro de 2005

o zombie faz hoje anos

e a festa é aqui:

click me
por favor actualizem os vossos bookmarks e façam de conta que isto deixou de existir.

publicado por jorge às 02:42
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Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

onde raio se meteu o zombie?

e será que dá para ver essa famosa lista dos melhores de 2004? tipo antes de acabar 2005?

bom, por uma vez a ausência de updates por estas bandas não se deve à já mítica preguiça deste que vos escreve. pelo contrário o zombie está em acelerado processo de mudança de instalações e de formato. e a tentar ter tudo no sítio pela data do primeiro aniversário que é já no dia 4. até lá precisam de ter só um bocadinho mais de paciência.

publicado por jorge às 10:36
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Quarta-feira, 22 de Dezembro de 2004

o zombie não é surdo

watersxmas.jpg
e tem estado a preparar cuidadosamente as suas listas de estreias e edições dvd favoritas de 2004. para já fica a conclusão de que em termos de filmes estreados em portugal o ano não foi tão desastroso como parecia à primeira vista. estes são os discos que têm acompanhado o processo de selecção.

jorge:

vários a john waters christmas (2004)the arcade fire funeral (2004)the united states of america the united states of america (1968)sam & dave double dynamite (1967)blues explosion damage (2004)
marco:

vários the million dollar hotel - music from the motion picture (2000)graeme revell the crow - original motion picture score (1994)tom waits real gone (2004)neil young greatest hits (2004)nick cave & the bad seeds the boatman's call (1997)

publicado por jorge às 09:15
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prémios lumière

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publicado por jorge às 09:11
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Quarta-feira, 15 de Dezembro de 2004

o zombie já viu: finding neverland

...
um filme de marc forstercom johnny depp, kate winslet, radha mitchell e julie christieestados unidos, 2004 imdb
gostei imenso de big fish, de tim burton, mas depois de ver este finding neverland, não posso deixar de pensar que burton fez o filme errado. finding neverland tem tudo para ser um filme de burton, incluindo o que faltou em big fish: johnny depp. quem ficou a ganhar foi o realizador marc forster que com alguma sorte – com este filme não é preciso muita! – se habilita a marcar presença na próxima cerimónia de óscares.

forster já tinha dado nas vistas com o anterior monster's ball, mas é agora com finding neverland que o seu nome começa a ganhar significado. o argumento, da responsabilidade de david magee, surge da adaptação da peça the man who was peter pan, de allan knee. no centro da narrativa está james matthew barrie, de cuja imaginação saiu a peter pan, mas finding neverland não é bem um biopic, porque o filme revela mais sobre o acto de criação da célebre personagem do que sobre o seu autor. mesmo para período de tempo em questão, os factos são adulterados para conveniência narrativa.

tudo começa em 1903, em londres, na noite de estreia da mais recente peça do consagrado dramaturgo escocês j.m. barrie. a peça é um desastre e charles frohman, o dono do teatro, precisa de outra peça para pôr em cena em substituição. barrie não tem trunfos na manga e tem de começar algo a partir do zero. um dia, durante os seus passeios em kensington gardens, barrie trava conhecimento com a família davies, composta pela viúva sylvia e os seus quatro filhos: jack, george, michael e peter.

barrie é casado e a sociedade da época é o que se sabe, mas nada o impede criar uma estanha intimidade não só com sylvia, mas também com quatro rapazes. é desta intimidade, das suas constantes visitas à casa dos davies, dos seus passeios e piqueniques, das suas brincadeiras com os rapazes, que de pormenor em pormenor se começa a construir a peça que o imortalizaria.

finding neverland arranca inseguro e tropeça aqui e acolá, principalmente ao não dar crédito à capacidade de observação do espectador. alguns excessos de exposição visual que dá à imaginação de barrie – exemplo: os davies a sair a voar pela janela do quarto – eram escusados; a familiaridade com a história de peter pan e a soberba interpretação de depp são mais do que suficientes para vermos a realidade pelos olhos de barrie, mas forster cai no óbvio e esfrega-nos na cara o que devia ser a nossa imaginação a ver.

ainda assim, e ainda que seja um filme que quase pisa o risco da lamechice, não deixa de ter a magia das histórias de encantar. de outra forma não poderia ser, afinal de contas, estamos a falar do peter pan... o mínimo que se pedia era que essa aura fosse transversal às duas obras. e não só o é, como o é muito para além do que o mínimo pedido.

(6/10)marco

publicado por jorge às 23:29
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Terça-feira, 14 de Dezembro de 2004

what about you, boy? you been good all year?

silent_night.jpg
o zombie gostaria de desejar a todos os clientes e amigos um santo natal. cinco sugestões para entrar no espírito da época:

black christmas, de bob clark (1974)
silent night, deadly night, de charles e. sellier jr. (1984)
christmas evil, de lewis jackson (1980)
el dia de la bestia, de álex de la iglesia (1995)
silent night, bloody night, de theodore gershuny (1973)

além do melhor retrato cinematográfico alguma vez feito das compras de natal:

dawn of the dead, de george a. romero (1978)

boas festas.

jorge

publicado por jorge às 10:01
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Segunda-feira, 13 de Dezembro de 2004

críticas de bolso: teenagers from outer space e one million ac/dc

...
teenagers from outer space (1959)
de tom graeff, com david love e dawn bender
produção de calibre z feita com o dinheiro que o realizador/produtor/argumentista/director de fotografia/editor/compositor da banda sonora/actor secundário/responsável pelos efeitos especiais/namorado do protagonista tom graeff tinha para jantar nesse dia, e sem um teenager que se veja num raio de pelo menos 50 quilómetros. uma raça extraterrestre prepara-se para utilizar a terra como pasto para os gargons, uma espécie de lagostas assassinas gigantes das quais se alimentam. derek, apesar do nome improvável, é um desses aliens mas está farto da falta de respeito da sua raça pelos outros seres vivos. por isso troca o disco voador por um quarto alugado em casa de betty e do avô. no seu encalço vai thor e o seu raio da morte, que transforma instantaneamente os seu alvos em esqueletos, completos com gancho na cabeça para, vocês sabem, pendurar com facilidade. segue-se romance, sacrifício heróico, e o inevitável confronto com um gargon, que parece ter saído directamente dos aquários da portugália, enquanto a câmara de graeff acaricia repetidamente as feições do nosso herói. os diálogos são atrozes, os actores foram recrutados entre a vizinhança e os efeitos são péssimos mas o que é que querem que eu faça? não consigo resistir a uma boa lagosta assassina gigante. (4/10)
...
one million ac/dc (1969)
de ed depriest, com susan berkely e billy wolf
ok, vejamos: catfight entre mulheres das cavernas em topless? presente. t-rex de plástico da loja dos trezentos? presente. relação bestial envolvendo homem em fato mau de gorila? presente. sexo lésbico? presente. pinturas rupestres obscenas? presentes. orgia jurássica? presente. desfloração com um pau? presente. como é possível que um filme combinando todos estes elementos seja tão intragável é algo que desafia a explicação. edward d. wood, jr., em fase de declínio acelerado, assina o guião (que devia caber todo numa página) desta suposta comédia passada na pré-história, e que não é mais do que uma desculpa para alinhar uma infindável sucessão de cenas de (mau) sexo softcore. não haveria nada de errado com isso se o filme não fosse tão chato e desprovido de charme. o resultado é possivelmente o pior filme onde o tio ed esteve envolvido, e isto não é coisa que se diga de ânimo leve. se precisam mesmo de saber a história, é sobre uma tribo de homens primitivos encurralados numa caverna por um dinossáurio de brincar, que comem, têm sexo, inventam a flecha, desfloram a virgem, e voltam a comer. e uma mulher mantida como cativa sexual por um gajo vestido de gorila. eu sei. é difícil perceber o que pode ter corrido mal, não é? (1/10)
jorge

publicado por jorge às 23:50
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Sexta-feira, 10 de Dezembro de 2004

larry buchanan 1923-2004

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publicado por jorge às 22:25
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Terça-feira, 23 de Novembro de 2004

uma noite com ilsa

ilsa
nestas noites frias de novembro o zombie sente a falta de uma companhia que lhe aqueça o coração e a cama. alguém que dê sentido à sua solitária existência de morto-vivo. com quem apeteça ficar em casa, debaixo dos cobertores, a ouvir a chuva lá fora, partilhar um chocolate quente e ver a versão sem cortes do cannibal ferox.

e será possível imaginar melhor companhia para estas longas noites invernais do que uma dominatrix quarentona, de peito abundante e farda das ss?

ok, não respondam a essa pergunta.

proveniente da abençoada década de 70, em que não parecia haver limites ao que se podia mostrar no grande écran, a série ilsa tem lugar cativo na lista dos mais infames produtos da sétima arte. com algo capaz de ofender toda a gente, e alegremente alheia às regras ditadas pelo politicamente correcto e pelo bom gosto, a sua mistura choque de sexo softcore e violência hardcore garantiu que estes filmes transcendessem o seu estatuto de simples exploitation e se transformassem em genuínos objectos de culto para cinéfilos em todo o mundo. cinéfilos que provavelmente têm problemas.

só porque gosta de vocês™ o zombie passa mais de seis horas a olhar para as mamas da dyanne thorne e partilha as suas conclusões.


...
ilsa, she wolf of the ss (1974)
de don edmonds, com dyanne thorne e gregory knoph
she wolf começa com um aviso do produtor que fala sobre as atrocidades do terceiro reich. o que se segue, porém, não é propriamente o shoah. ilsa é a comandante de um campo de experiências médicas nazi. decidida a provar a sua teoria de que as mulheres são capazes de suportar maiores quantidades de dor do que os homens, passa os dias a torturar alegremente as suas prisioneiras e a noite, porque a vida não pode ser só torturar, a obrigar os prisioneiros a satisfazê-la sexualmente, castrando-os de seguida. wolfe, um prisioneiro recém-chegado ao campo, é poupado a esta sorte por causa da sua extraordinária capacidade de "aguentar toda a noite". como bónus a comandante até o deixa dar uma voltinha nas suas duas capangas lésbicas arianas. porque é que depois disto wolfe continua a insistir em conspirar contra ela é algo que me ultrapassa.

em traços largos, para aqueles que fazem questão de saber "sobre o que é" um filme, é isto. claro que a história é um elemento secundário aqui, tendo por único objectivo sequenciar os abusos, humilhação, tortura e desmembramento a que ilsa submete os prisioneiros, e exibir quantidades industriais de nudez frontal. estavam à espera do quê? acham que alguém vê estas coisas por causa do argumento?

filmado em nove dias nos cenários da série televisiva hogan's heroes, she wolf tem um aspecto bem mais profissional e polido do que o seu baixo orçamento faria adivinhar. o que torna a galeria de atrocidades exibida numa experiência potencialmente muito incómoda para os que tenham um estômago mais fraco. os efeitos gore de joe blasco (que de seguida trabalharia com cronenberg) são bastante bons para a época e o realizador don edmonds mantém as coisas a andar a bom ritmo. o verdadeiro golpe de mestre foi no entanto o casting de dyanne thorne para protagonista. apesar de já ter passado dos quarenta à época das filmagens, a ex-showgirl de las vegas transformar-se-ia num ícone sexual capaz de atravessar gerações à conta deste papel. mesmo com uma capacidade dramática limitada, a sua presença no écran é magnifica, capaz de despertar ao mesmo tempo terror e desejo. e, claro, o facto de ter sido abençoada pela natureza com aquele peito imponente também não lhe é prejudicial.

um dos raros produtos exploitation que quase trinta anos depois ainda está à altura da sua reputação, ilsa, she wolf of the ss não perdeu a sua capacidade para chocar ou ofender e continua a garantir divertimento para toda a família. principalmente se fizerem parte da família manson. se não, o melhor é irem alugar o schindler's list ou qualquer coisa do género. (6/10)
...
ilsa, harem keeper of the oil sheiks (1976)
de don edmonds, com dyanne thorne e max thayer
pelos vistos não será um pormenor insignificante como a morte que vai impedir ilsa de continuar a semear o seu reino de terror à volta do mundo. de volta ao activo em pleno médio oriente, a amazona germânica é agora capataz do harém do xeque el sharif (não me perguntem pelos outros oil sheiks, só vi um). o seu trabalho? torturar, mutilar, matar, enfim... uma rapariga tem de fazer o que uma rapariga tem de fazer. para a ajudar tem um novo par de capangas lésbicas, desta vez em versão blaxploitation, mas de resto está na mesma. fresca como se nunca tivesse morrido 30 anos antes.

infelizmente parece que o xeque tem estado a acumular grandes quantidades de petróleo o que significa, como já se sabe nestas coisas, que é só uma questão de tempo até chegarem os americanos. e quando o agente secreto adam chega ao palácio as coisas só podem correr mal. até porque parece que o coração gelado da nossa cabra sado-maso favorita está prestes a descongelar.

harem keeper tem quase tudo a seu favor. o afastamento do universo nazi diminui de forma significativa a sua carga ofensiva (por falar nisso, se quiserem ver um filme verdadeiramente ofensivo sobre o holocausto experimentem o la vita è bella), mas há gore e nudez gratuita em quantidades suficientes para não deixar ficar mal os fãs. aliás, desenganem-se os que estiverem a pensar que os níveis de depravação e crueldade presentes, se bem que inferiores aos de she wolf, são mais toleráveis para quem não tenha um estômago forte. tenho duas palavras para vocês: diafragma explosivo. no entanto a adição da trama de espionagem e o facto de a série ter, por esta altura, desenvolvido um sentido de humor tornam o carrossel de atrocidades bastante mais fácil de suportar.

thorne está em grande forma e, apesar de passar mais tempo vestida do que seria recomendável, continua a ser uma presença fascinante. thayer é um cepo mas o resto do elenco não vai mal, com destaque para o misterioso victor alexander que no papel do xeque rouba todas as cenas em que participa e para a presença de algumas das vedetas mamárias preferidas de russ meyer: uschi digard (que já tinha feito uma perninha no anterior), haji e sharon kelly (a actriz porno colleen brennan). o realizador don edmonds, de novo aos comandos, volta a fazer brilhar o seu parco orçamento e o filme tem quase aspecto de ter sido produzido por um estúdio a sério, facto a que não terá sido alheia a presença do director de fotografia dean cundey (a caminho de trabalhar com spielberg, zemeckis e carpenter).

se a expressão "divertido" pudesse ser aplicada a algum filme da série, acho que este seria o escolhido. claro que a perspectiva de uma ilsa apaixonada, a suspirar como uma colegial, é um bocadinho desconcertante. nesse aspecto harem keeper mancha-lhe a reputação e retira-lhe pontos junto àqueles de nós que preferem a versão de coração negro e seco. mas suponho que até as cabras malvadas podem conhecer o amor. e o filme tem lutadoras lésbicas de artes marciais afro em topless. não me parece possível ultrapassar isso. (6/10)
...
ilsa, the wicked warden (1977)
de jesus franco, com dyanne thorne e lina romaytítulo original greta, haus ohne männeraka greta the mad butcher, wanda the wicked warden
o terceiro capítulo das aventuras de ilsa, se nos quisermos armar em esquisitos, pode ser considerado ilegítimo. parece que o lendário produtor erwin c. dietrich, responsável pela distribuição europeia dos filmes anteriores, resolveu apanhar uma boleia do sucesso da série e subsidiar a sua própria imitação. felizmente para nós conseguiu assegurar o(s) talento(s) de dyanne thorne e do mestre espanhol do cinema sádico/perverso/esquisito (e favorito do zombie) jesus "jess" franco.

assim nasceu greta (ou wanda, estas coisas têm tantas versões que é difícil ter a certeza), uma ilsa de permanente ruiva à qual reposições e edições vídeo posteriores devolveriam o verdadeiro nome. desta vez a nossa menina está ao comando de um hospital para mulheres com problemas psiquiátricos, num qualquer país da américa latina. e, fiel aos seus velhos hábitos, não olha a meios para limpar as pacientes das suas perturbações (apresentadas como "ninfomania, lesbianismo e prostituição"). na verdade o hospital é uma fachada; o local é uma prisão utilizada pelo regime fascista para torturar e eliminar presos políticos. é isto que vai descobrir a jovem abby (tania busselier) quando ali se infiltra para tentar saber o que aconteceu à irmã desaparecida.

o realizador faz jus à sua reputação, apresentando um catálogo de atrocidades capaz de fazer os primeiros dois filmes parecerem episódios de uma casa na pradaria. definitivamente o homem não pode ser normal. entre outras coisas há tortura genital com ácido, choques eléctricos, alfinetes no peito e uma sequência intragável em que a futura sra. franco, lina romay, demonstra um método alternativo de higiene pessoal. e se acharam que o destino reservado para ilsa em harem keeper era grotesco esperem só até ver o que lhe acontece aqui. o elenco competente ajuda à credibilidade da coisa, incluindo thorne, que também, nesta altura do campeonato, já devia conseguir fazer o papel a dormir.

franco contra-balança as sequências mais extremas com filmagens langorosas das detidas nuas no duche ou dos longos banhos de espuma da directora, e evita, na sua maior parte, o recurso às suas mais estranhas "estilizações" visuais. mas é abaixo da superfície que a sua presença consegue transformar wicked warden em algo que transcende o seu mero objectivo comercial. e não estou a falar da mensagem política anti-fascista, que é óbvia ao ponto de o realizador em pessoa interpretar o opositor do regime dr. arcos. é que ilsa e os seus capangas filmam a tortura e morte das prisioneiras e distribuem as gravações no mercado negro. para vender a sacanas perturbados que acham divertido ver filmes sobre mulheres a serem torturadas e mortas. (7/10)
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ilsa, the tigress of siberia (1977)
de jean lafleur, com dyanne thorne e jean-guy latouraka tigress
se quisermos traçar uma cronologia da série, suponho que a nossa comandante pneumática terá ido tomar conta de um gulag para a rússia estalinista pouco depois dos eventos retratados em she wolf. mas porque raio é que estou a falar de cronologias? ilsa morre no final de todos os três filmes anteriores. essa é a cronologia.

de qualquer maneira, a abertura do derradeiro capítulo da saga encontra a directora de prisão sádica favorita de todos nós de novo a fazer das suas, desta vez num campo de prisioneiros soviético. e, pelos vistos, é business as usual já que os seus métodos de "reeducação" para dissidentes políticos envolvem afogamento em água gelada, concursos de braço de ferro sobre moto-serras ligadas, ou, simplesmente, servi-los como jantar ao seu tigre de estimação. os seus apetites sexuais também parecem estar em forma, com os momentos de lazer ocupados a rolar no feno com latagões do exército russo, aos dois de cada vez. mas todas as coisas boas têm um fim e a queda do regime estalinista obriga-a a uma retirada estratégica.

vinte e cinco anos depois ilsa estabeleceu-se no canadá (no canadá?) onde é uma empresária em ascensão na indústria dos bordéis. o passar dos anos deve ter amolecido a nossa heroína (que continua exactamente com o mesmo aspecto que tinha nas sequências iniciais), visto que agora parece mais interessada em utilizar equipamentos sofisticados de controlo mental do que na boa velha tortura física. e quando um dos seus prisioneiros sobreviventes do gulag chega à cidade a acompanhar uma equipa de hóquei ilsa decide terminar o trabalho que iniciara tantos anos antes.

não sei bem o que aconteceu aqui mas, o que quer que fosse, não foi bom. o primeiro terço do filme passa-se no território habitual da série e, apesar da violência e fetichismo parecerem um pouco em piloto automático, as coisas até parecem bem encaminhadas até à súbita transferência da acção para o canadá. aí, sem razão aparente, a amazona teutónica transforma-se de repente num vilão sub-bondiano, uma espécie de fu manchu com mamas, e o filme numa aventura de espionagem série b que não tem nada a ver com nada. pode até ser divertido nesta perspectiva (certamente é o mais alucinado dos quatro), e recomendável como introdução aos que não tenham estômago para os outros, já que a violência e perversidade tradicionais da série estão, em grande parte, ausentes. mas ilsa? não me parece. aliás, o nome nunca é mencionado durante o filme o que, aliado ao facto de se tratar de uma produção canadiana, levanta algumas suspeitas em relação à sua legitimidade. além disso a mudança de foco para vítimas masculinas e o aparente desinteresse da nossa heroína pelos prazeres sáficos são, a meu ver, falhas imperdoáveis. morna e pouco interessante a ilsa canadiana não está simplesmente à altura da sua reputação. e não é como se o canadá não conseguisse produzir entretenimento com base em atrocidades. vejam a celine dion. (4/10)
é uma das minhas grandes tristezas que o planeado quinto filme de ilsa nunca tenha passado da fase de desenvolvimento. tristeza provocada não só pelo carinho que sinto pela série, mas porque tenho a certeza que este teria sido sem qualquer dúvida o melhor filme alguma vez feito. mesmo.

jorge


publicado por jorge às 11:55
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Segunda-feira, 15 de Novembro de 2004

críticas de bolso: night of the blood beast e the bride and the beast

...
night of the blood beast (1958)
de bernard l. kowalski, com michael emmet e angela greene
produção z dos irmãos corman com muito pouco que a recomende. o major corcoran, pioneiro do projecto espacial norte-americano, despenha-se em circunstâncias misteriosas durante seu voo inaugural. a equipa de socorro encontra-o morto e com uma estranha ferida no braço. no entanto, apesar de não ter pulso nem respirar, o seu corpo não parece apresentar o comportamento de um cadáver normal. entretanto uma estranha criatura começa a fazer estragos na área. depois o major regressa dos mortos e começa a fazer grandes discursos em que toma o partido partido da criatura e apela à paz e harmonia entre espécies, apesar da espécie em causa ter acabado de arrancar o cérebro a um dos seus colegas. é melhor não lhe prestar muita atenção. só deve estar a falar assim porque a criatura é o pai dos embriões alienígenas que estão a incubar dentro do seu peito. tirando esta última ideia, que antecipa em vinte anos o ciclo reprodutivo do alien, não há grande prazer a retirar daqui. ausentes estão a imaginação e o sentido de humor característicos do cinema de roger corman. o guião limita-se, na sua maior parte, a reciclar material de filmes bem melhores, com o the thing original a ser o principal alvo de pilhagem, por entre diálogo atroz e efeitos risíveis mesmo para a época. a criatura, apesar de pouco memorável, ainda consegue ter algum daquele encanto de monstro b dos anos 50 mas, para blood beast, não é particularmente bestial nem sanguinolenta. o realizador e uma boa parte da equipa veriam dias mais inspirados em attack of the giant leeches. (2/10)
...
the bride and the beast (1958)
de adrian weiss, com charlotte austin e lance fuller
já não se fazem filmes sobre mulheres com desejos sexuais por macacos como antigamente. saído da pena do mítico edward d. wood jr., este tem perversão, imagens de arquivo, homens em fatos de gorila maus e camisolas de angora em quantidade suficiente para satisfazer até o mais exigente dos cinéfilos. ou se calhar é só a mim que estas coisas enchem de uma inexplicável alegria. a noite de núpcias de laura e dan é interrompida quando o gorila spanky, com quem laura tinha trocado olhares libidinosos momentos antes, foge da sua jaula e tenta fazer coisas marotas à menina (e por coisas marotas quero dizer exactamente isso que estão a pensar). dan mata o gorila e pouco depois, através do hipnotista mais rápido da história, descobrimos que laura foi rainha dos gorilas numa encarnação anterior, e que é por isso que gosta tanto de camisolas de angora. juro que não estou a inventar. segue-se um safari a áfrica, em versão imagens de arquivo, uma história qualquer sobre uns tigres (também de arquivo) fugidos, e um reencontro de laura com os membros da sua anterior espécie cheio de tensão sexual. se isto não vos convenceu que estão perante uma obra maior da sétima arte então não posso fazer nada por vocês. dos actores pode-se dizer que conseguem manter uma cara séria durante todo o filme, o que só por si é um feito. o facto de o tio ed ter sido apenas responsável pelo argumento significa que, por uma vez, temos direito à sua habitual insanidade com alguém aos comandos que tem pelo menos uma ideia vaga do que está a fazer. podia agora dizer-vos que na sua análise de um casamento disfuncional, cheia de simbolismos freudianos, the bride and the beast é bem capaz de rivalizar com o belle de jour. mas se calhar é melhor não. (5/10)
jorge

publicado por jorge às 03:10
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