Domingo, 28 de Março de 2004

sessão dupla: rats e spiders

o marco está de volta ao zombie e, pasmem-se as almas, parece que devagarinho se está a passar para o lado negro da força. se há coisa que eu gosto é de uma sessão dupla de filmes com criaturas gigantes, mesmo quando são do tipo que faz doer o cérebro. e garanto-vos que antes de esta acabar vão precisar de uma anestesia.
não sei se é masoquismo ou vício, mas tenho dado por mim a perder horas em frente ao televisor a ver filmes que, no mínimo, provocam queda de cabelo. começou com octopus II - river of fear; seguiram-se rats e spiders - ambos no mesmo dia, numa sessão dupla que ainda hoje não consigo explicar porque aconteceu. Há sempre algo a aprender com os filmes e, com estes em particular, aprendi que há coisas que estão para lá do meu entendimento, nomeadamente, a razão porque os aluguei.

aprendi também um nome: avi lerner, produtor executivo e fundador da nu image. dei uma vista de olhos ao seu currículo, talvez movido pelo desejo inconsciente de saber em que mais posso desperdiçar o meu precioso tempo em frente ao televisor, e descobri uma longa listagem de mais de uma centena de filmes a contar desde 1987. no corrente ano, o saldo da sua conta é de um filme concluído, cinco em pós-produção e um em rodagem (avalanche, fire, earthquake e volcano são alguns dos títulos em questão). O seu longo historial inclui ainda cyborg cop I, II e III, us seals I, II e III, operation delta force I, II, III e V (sim, falta a parte IV, que, presumo eu, o produtor terá declinado por falta de um argumento à altura das suas exigências) e ainda várias cotoveladas - ou pontapés! - a clássicos, desde journey to the center of the earth a masque of the red death e the fall of the house of usher... algo me diz que avi lerner ainda não se apercebeu que o seu nome não se escreve com as mesmas letras que roger corman!... agora que já sabem quem é avi lerner, façam um favor a vocês mesmos e esqueçam o nome. vamos aos filmes que tenho em mãos.

ratazanasrats (2001)
de tibor takáks, com sara downing e ron perlman
em rats, jennifer (downing) é internada num hospital psiquiátrico depois de uma tentativa de suicídio, mas este local, uma antiga prisão construída sobre uma longa teia de túneis e esgotos, tem mais que se lhe diga do que os próprios casos mentais que alberga. esse segredo assombra o local sob a forma de ratazanas com um gosto particular por carne humana mal-passada, uma delas, pelo menos, com o tamanho de um pastor alemão. jennifer, que também esconde um segredo, desconfia que o desaparecimento de alguns doentes não se explica com a simples transferência para outra instituição a altas horas da noite, mas quem é que num manicómio vai acreditar numa história de ratazanas mutantes?... o resto do filme é o desenvolvimento do cliché que resumi e os efeitos especiais são do piorio, principalmente no que toca às ratazanas inseridas digitalmente... até as personagens animadas de who framed roger rabbit interagiam melhor com os actores. no entanto, lá para o final, uma personagem, para se livrar do colete de forças, tenta cortar o pulso mastigando-o... pensando bem, acho que dá profundidade à personagem fazendo-nos mesmo acreditar na necessidade de tratamento psiquiátrico. mereceu a minha ovação de pé, afinal de contas, nem os mortos-vivos vão tão longe.

(3/10)
jorge: acho que não posso ser muito duro com este filme. foi dos sonos mais repousantes que tive nos últimos meses. (2/10)
aranhasspiders (2000)
de gary jones, com lana parrilla e josh green
spiders é mais uma produção avi lerner, sobre uma jovem jornalista (parrilla) com uma fixação por histórias de extraterrestres que se vê envolvida num caso que mete ao barulho os serviços secretos, a nasa, o space shuttle, adn alienígena e aranhas. o que acontece é mais ou menos isto (muito rapidamente, porque por esta altura já adivinharam até o final do filme): um grupo de cientistas da nasa conduz uma série de experiências com adn alienígena e aranhas terrestres no espaço (a experiências requerem um ambiente de gravidade zero) e algo corre mal durante uma dessas missões. há umas quantas explosões, perda de contacto com houston e uma das aranhas/cobaias acaba à solta dentro da nave . o vaivém é dado como destruído para o público em geral, mas, na realidade, aterra de emergência numa área de acesso restrito num deserto americano, fazendo uma rasante às cabeças da dita jornalista e respectivos colegas. como os miúdos até são desenrascados, lá conseguem acesso ao complexo e o que é que descobrem? descobrem que estão metidos no que poderia ser um episódio dos x-files produzido por avi lerner. muito sinceramente, spiders é o menos mau dos dois (ou então sou eu... verdade seja dita, à segunda, a minha noção das coisas já não era muita clara). seja como for, há um apelo primário da minha natureza como espectador que não resiste à visão de aranhas mutantes gigantes a sair pela boca das vítimas e a comer tudo o que fica preso nas suas teias de tamanho desmesurado.

(3/10)marco
jorge: há um momento em que um personagem diz "isto começa a parecer um filme de ficção-científica mau." acho que a honestidade merece ser premiada. (3/10)


publicado por jorge às 17:50
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Sexta-feira, 26 de Março de 2004

críticas de bolso: a shriek in the night e the gorilla

a shriek in the night
a shriek in the night (1933)
de albert ray, com ginger rogers e lyle talbot
the thirteenth guest pode ser a colaboração entre ginger rogers e lyle talbot mais conhecida, mas isso não quer dizer que este a shriek in the night não tenha o seu charme. precedendo a ascensão de rogers ao estrelato ao lado de fred astaire, esta produção da poverty row é um mistério em tom de comédia, com várias pessoas a aparecerem mortas num bloco de apartamentos depois de terem recebido cartas de aviso. rogers e talbot são repórteres em jornais concorrentes que acabam por investigar o caso em conjunto. a pobreza da produção é notória mas os protagonistas têm química, a galeria de secundários é divertida (principalmente o incompetente assistente do inspector, interpretado por alfred hoyt), o mistério é envolvente, e o filme só dura uma hora. (5/10)

the gorilla
the gorilla (1939)
de allan dwan, com the ritz brothers e bela lugosi
há uma razão pela qual os irmãos ritz não são lembrados como grupo de comédia ao lado, por exemplo, dos irmãos marx ou dos three stooges. e essa razão é o facto de que eles não tinham piada. nesta produção de darryl f. zanuck, um assassino, conhecido na imprensa como o gorila, ameaça de morte um homem de negócios que recorre aos serviços da agência de detectives dos nossos heróis para o proteger. a única razão para tolerar esta coisa é bela lugosi, que se diverte com o seu papel de mordomo sinistro. além dos manos ritz a "comédia" está entregue a patsy kelly, no papel da empregada histérica, que confunde ter graça com passar o tempo todo aos gritos com uma voz esganiçada. fez-me lembrar a marina mota. (2/10)
jorge

publicado por jorge às 23:13
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Quarta-feira, 17 de Março de 2004

here's chuck!

every girl's crazy 'bout the sharp dressed man
lembrei-me por causa de ter falado nele na crítica do vampires. além disso gosto de fazer listas e encontrei esta foto muito fixe que tinha de meter aqui. é o chuck. his chuckness. o chucker. el chuckerino. sem mais demoras, o zombie apresenta a lista definitiva dos cinco filmes com chuck norris que toda a gente devia ver:

way of the dragon, de bruce lee (1972)
code of silence, de andrew davis (1985)
lone wolf mcquade, de steve carver (1983)
the octagon, de eric karson (1980)
silent rage, de michael miller (1982)

além destes nenhum homem pode escrever o seu género com h sem ter visto:

invasion u.s.a., de joseph zito (1985)
the delta force, de menahem golan (1986)
braddock: missing in action III, de aaron norris (1988)

os anos oitenta foram do caraças.

jorge

publicado por jorge às 11:41
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crítica: vampires - los muertos

i'm a cowboy... aah, vê se morres.
um filme de tommy lee wallacecom jon bon jovi, cristián de la fuente e diego lunaestados unidos, 2002 imdb
o que é aquilo ali na prateleira do videoclube? uma sequela ao já-não-muito-bom-para-começar vampires de john carpenter? com o jon bon jovi no papel principal? humm... será que é bom?

ok, foi uma pergunta estúpida. derek (bon jovi) é um caçador de vampiros, como o personagem de james woods no filme original mas sem a besta e sem o estilo. trabalha sozinho, no méxico, e usa uma pistola de disparar estacas que é um dos adereços mais estúpidos que já vi num filme. parece uma pistola de plástico da loja dos trezentos. tenho a certeza que o james woods preferia que lhe cortassem os tomates e lhos pendurassem nas orelhas do que ser visto com uma porcaria daquelas na mão. mas não me quero desviar da história (ha!). temos então derek e a sua pistola de brincar. e ambos são chamados para um novo trabalho que vai implicar a formação de uma equipa. o que não lhe agrada nada porque, pronto, ele é todo duro e o caraças, trabalha sozinho. mas o cliente exige e lá terá de ser então a equipa. depois de descobrir que alguém andou a matar todos os caçadores veteranos o grupo acaba por ser constituído por: um puto mexicano de dezasseis anos (luna), uma miúda gira que é vampira mas não faz mal porque toma uns comprimidos (natasha gregson wagner), um padre com ar de culturista (de la fuente), e o último caçador sobrevivente, além de derek, vindo dos estados unidos, que é o personagem preto que de certeza não vai chegar ao fim do filme (darius mccrary). juntos vão combater um grupo de sugadores de sangue que andam atrás do segredo que lhes permitirá caminhar à luz do sol. bocejo.

acredito que haja uma única questão na mente de toda a gente que se esteja a dar ao trabalho de ler isto (sim, todos os três). uma pergunta ardente que tem de ser respondida já, antes de poder avançar mais com esta crítica. essa pergunta é: "o bon jovi sabe representar?" e a resposta é não. não sabe. tendo em conta que passou praticamente toda a vida a fingir que era um cantor de rock era de supor que, nem que fosse pela prática, tivesse uma pontinha de talento na arte da representação. mas não. é muito mau. vou colocar as coisas desta forma: o bon jovi faz o chuck norris parecer o laurence olivier. a barba do chuck norris representa melhor do que o bon jovi. nunca pensei vir a dizer isto na vida mas, depois de ver este filme, acho que ele se devia ficar pela música. pensem nisto.

não que os outros actores lhe façam sombra. nem o puto diego luna do y tu mamá también se safa. mas calculo que com o tipo de personagens estereotipados e unidimensionais que lhes foram entregues fosse difícil alguém fazer um brilharete. porque o guião é péssimo. e de qualquer maneira não valia a pena dar grande dimensão aos personagens já que a maior parte das situações são aleatórias e acontecem, basicamente, porque sim. como a cena em que o mccrary, que é suposto ser um caçador de vampiros veterano, fica de guarda à carrinha do grupo, durante a noite, no meio do deserto. acaba por se deixar dormir e quando acorda depara-se com uma miúda gira a olhar para ele. ali no deserto. à noite. no deserto onde andam os vampiros. e o que é que ele faz, este caçador tarimbado de sugadores de sangue, este combatente profissional dos danados? saca do crucifixo? espeta-lhe uma estaca nas trombas? não. pergunta-lhe se está perdida e chama-a para ao pé dele. a sério. claro que segundos depois tem os dentes da vampira cravados na pila. vá lá, suponho que deve ter mais piada do que no pescoço.

eu disse-vos que ele não chegava ao fim do filme.

e eu também quase não chegava lá por razões bem menos nobres do que ter a boca de uma miúda sexy, com ar de vampira de leste, em contacto com as minha partes intimas. era mesmo de tédio. porque além de mau o filme também é muito chato. a certa altura acho que adormeci mas quando acordei ainda estava na mesma cena. calculo que tenha dormido pouco. só para aí uns vinte minutos.

as culpas desta desgraça seguem inteirinhas para tommy lee wallace, colaborador de longa data de carpenter, que escreveu e realizou. além de ter realizado o halloween III (que era aquele que não tinha nada a ver com o resto da série) nos anos 80, o seu talento tem-lhe garantido trabalho em séries de televisão como baywatch e flipper, para as quais de certeza voltará em breve. até o carpenter lhe pedir para fazer o ghosts of mars 2. com o tipo que era vocalista dos europe.

(1/10)
(porque a arly jover, que faz de chefe dos vampiros, é gira e passa a maior parte do filme com uma camisola transparente)jorge

publicado por jorge às 10:42
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Segunda-feira, 15 de Março de 2004

críticas de bolso: doomed to die e the corpse vanishes

doomed to die
doomed to die (1940)
de william nigh, com boris karloff e grant withers
quinto, e último, mistério para o mr. wong de boris karloff nas produções da monogram na série em que o estúdio tentou emular o sucesso do charlie chan da fox. aqui o detective asiático é chamado para tentar ilibar o suspeito mais óbvio do assassinato de um industrial, o futuro genro que estava com ele no momento em que várias testemunhas ouviram o tiro. regressam o irrascível capitão street e a bonita repórter bobby logan mas o filme é provavelmente o mais fraco dos seis. o guião é previsível e as pistas falsas são tão obviamente falsas que não enganam ninguém. karloff e o restante elenco ajudam a impedir o desastre completo mas o facto é que a coisa não é realmente muito interessante. o seguinte phantom of chinatown, uma espécie de prequela com um actor mais novo no papel do detective, é consideravelmente melhor apesar da ausência de karloff. (4/10)

the corpse vanishes
the corpse vanishes (1942)
de wallace fox, com bela lugosi e luana walters
mais um na longa série de papeis para bela lugosi em produções da poverty row durante os anos 40. aqui ele é um cientista louco (surpresa!) que rapta noivas no dia do casamento para produzir, a partir das suas espinais medulas, uma poção que ajuda a manter a sua mulher jovem. o guião não faz muito sentido mas lugosi, que nesta altura já conseguia representar este tipo de personagens de olhos fechados, está ao seu melhor nível, rodeado de uma troupe de assistentes estranhos que incluem a velha minerva urecal e os seus dois filhos, um atrasado mental e um anão (angelo rossitto, de freaks). luana walters é a repórter que descobre tramóia. para os fãs de lugosi e da monogram haverão coisas bem piores do que isto. (5/10)
jorge

publicado por jorge às 13:49
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crítica: anything else

a tarte queixava-se menos
um filme de woody allencom jason biggs, christina ricci e woody allenestados unidos, 2003 imdb
suponho pelo material promocional de anything else que woody allen não deve ser considerado uma comodidade interessante para a dreamworks. quer no trailer quer nos cartazes apenas os mais atentos conseguirão descortinar as letras pequeninas "written and directed by woody allen". além de este tratamento daquele que é um dos últimos grandes autores americanos (e que, com altos e baixos, nunca deixou de ser interessante) ser, no mínimo, questionável, o público teenager que esta publicidade tenta atrair deve ter tido uma grande surpresa. permitam-me estragar só um bocadinho a surpresa e dizer-vos que ninguém fode uma tarte neste filme.

jerry falk (biggs) é um escritor de comédia, residente em nova iorque, e a vida não lhe está a correr muito bem. a sua carreira não arranca, se calhar por causa do agente (danny devito) que insiste em vender o seu trabalho como se tratasse de pronto-a-vestir, e a namorada (ricci), que é uma neurose ambulante e não tem sexo com ele há seis meses, convidou a mãe para viver lá em casa. e, claro, como este é um filme de woody allen, o psiquiatra também não é uma grande ajuda. é neste ponto da sua vida que conhece dobel (allen), um professor do ensino secundário que está tentar iniciar-se na escrita de comédia. o homem mais velho acaba por se tornar o seu mentor e por convencê-lo que uma parte da solução de todos os seus problemas é comprar uma arma automática.

sou um grande fã de woody allen e ainda não vi nenhum filme dele que achasse genuinamente mau. dito isto de há alguns anos para cá a estreia do seu filme anual deixou de me trazer a excitação de outros tempos. do seu trabalho mais recente posso dizer que gostei muito de sweet and lowdown (99) e de deconstructing harry (97), mas achei os últimos três filmes menos interessantes. por isso fui adiando a minha ida ao cinema para ver este anything else. quer dizer, o trailer e o cartaz não fizeram nada para me tranquilizar, e ainda estou traumatizado da última vez que vi o jason biggs e a christina ricci no mesmo filme. foi portanto com alguma surpresa que cheguei à conclusão que, apesar dos seus problemas, este é provavelmente o melhor allen que vi desde harry.

se não é um clássico a culpa pode, principalmente, ser atribuida aos dois protagonistas. não que estejam mal mas falta-lhe o peso e a maturidade necessários para desempenharem convicentemente os seus papeis. parece-me mais ou menos óbvio que o filme foi escrito com personagens mais velhos em mente. há cenas que simplesmente não fazem sentido com um casal tão jovem, por muita onda que tenham. no entanto dão, durante a maior parte filme, conta do recado. o maior problema são as cenas em que biggs fala directamente para a câmara, à alvy singer no annie hall, que parecem sempre forçadas, mas isso não é suficiente para estragar a experiência. durante a maior parte de anything else, por incrível que pareça, o rapaz da tarte consegue ser um alter-ego convincente para woody allen. por outro lado os secundários são deliciosos de ver. stockard channing (no papel da mãe de ricci) e danny devito estão ambos fantásticos e allen, que acaba por passar quase tanto tempo no écran como os protagonistas, liberto de ter de ser o centro da acção, está à altura dos seus melhores tempos, dispensado pérolas de comédia a um ritmo que é necessário um segundo visionamento para as apanhar a todas.

woody allen está a chegar aos 70 anos e aqui, no papel do mentor do jovem falk, dispensa algumas "words of advice for young people". a comédia americana fazia bem ouvir estes conselhos. durante os últimos 20 anos, pelo menos, contámos com o seu filme anual mas um dia isso vai acabar. e eu não vejo ninguém, assim de repente, que possa carregar o testemunho. claro que o filme podia ser melhor, principalmente com um allen mais jovem e talvez diane keaton nos papeis principais. mas para isso podem sempre ver o annie hall. está nos videoclubes.

(6/10)jorge

publicado por jorge às 13:02
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Terça-feira, 9 de Março de 2004

críticas de bolso: the fatal hour e dead men walk

prefiro ver filmes do que escrever sobre eles. não tenho tempo para escrever críticas de tudo o que vejo mas vou tentar ir colocando por aqui algumas notas sobre a maior parte. esta foi a sessão dupla de ontem à noite:

the fatal hour
the fatal hour (1940)
de william nigh, com boris karloff e grant withers
quarta volta para mr. wong, o detective asiático interpretado por boris karloff nas produções da monogram. um colega e amigo do inspector street foi encontrado morto enquanto investigava uma operação de contrabando. street pede ajuda a mr. wong no caso. e não podia faltar a bonita repórter robbie logan a meter-se por todos os cantos da investigação. não consigo resistir a estas coisas. como mistério é talvez demasiado linear, e, como sempre, contém algumas implausibilidades, mas adorei cada minuto. é o meu segundo mr. wong favorito dos cinco que vi (falta um!), logo a seguir ao primeiro capítulo mr. wong, detective. karloff continua a parecer tão chinês como eu mas pelo menos somos poupados aos estereótipos orientais de séries como a do charlie chan (da qual também gosto muito, apesar disso) ou do mr. moto. este inclui de bónus um ambiente meio noir e a investigação está mais distribuída pelos três protagonistas em vez de assentar exclusivamente no detective asiático. (6/10)
dead men walk
dead men walk (1943)
de sam newfield, com george zucco e dwight frye
estou numa fase de fascinio por estas produções da poverty row, o que é que vos posso dizer? e nada é mais poverty row do que um filme da prc, o mais pobre dos estúdios pobres. a condizer, dead men walk é uma história de vampiros pobre. e um bocadinho chata. tem o george zucco no papel de dois irmãos, um que se torna um vampiro e outro que tenta destrui-lo. tem algumas ideias diferentes (elwyn torna-se vampiro através dos seus estudos de magia negra) e duas sólidas interpretações do sempre interessante zucco, mas nada o salva do tédio. com pouco mais de uma hora este dead men walk parece, mesmo assim, longo demais. foi um dos últimos filmes de dwight frye (frankenstein) que morreu de ataque cardiaco no ano da sua estreia. (3/10)
jorge

publicado por jorge às 10:26
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Segunda-feira, 8 de Março de 2004

crítica: american splendor

the ugly american
um filme de shari springer berman e robert pulcinicom paul giamatti, harvey pekar e hope davisestados unidos, 2003 imdb
esta semana temos nos cinemas uma adaptação de banda-desenhada sobre um herói que não voa, não lança teias nem anda de batmobile. levanta-se todos os dias para ir para o seu trabalho da treta e regressa todos os dias à solidão do seu apartamento deprimente.

harvey pekar é este herói. uma pessoa normal, com um trabalho normal e uma vida normal. nos anos 70 pekar resolveu lidar com a raiva e frustração da sua vida miserável adaptando-a à bd. das filas na caixa do supermercado ao trabalho merdoso de arquivista num hospital. o comic tornou-se um fenómeno de culto no circuito underground e pekar uma celebridade menor. nos vinte anos seguintes harvey continuou a relatar a sua vida nas páginas das revistas de bd, do encontro com a que seria a sua companheira, às suas idas a talk-shows televisivos, à sua luta contra o cancro. mas nunca deixou a sua cleveland natal nem o apartamento deprimente. e reformou-se há pouco tempo após 37 anos a trabalhar no hospital.

american splendor, o filme, cobre os eventos na vida de pekar centrando-se nesses vinte anos e misturando inteligentemente vários níveis de realidade para contar a sua história. paul giamatti interpreta o papel principal mas é o próprio harvey que narra a história, dizendo coisas como "aqui está o tipo que representa o meu papel e que não se parece nada comigo". pelo meio temos ainda entrevistas com os verdadeiros intervenientes, imagens de arquivo, animação, e uma altura em que vemos giamatti e judah friedlander a sair da cena que estão a rodar e a cruzar-se com os personagens que interpretam nos bastidores. este cruzamento entre realidades raramente parece forçado ou gratuito. afinal estamos a ver a história de um homem que se transformou a si a próprio em personagem de ficção. que viveu a sua vida em paralelo nos comics e no mundo real.

é sempre arriscado colocar lado a lado os actores e as pessoas reais que eles interpretam, mas neste caso os realizadores não tinham que se preocupar. a única coisa que isso sublinha aqui é que paul giamatti é harvey pekar, hope davis é joyce brabner e, definitivamente, judah friedlander é toby radloff. tão simples quanto isso. chegam a ser indistinguíveis do artigo genuíno. giamatti é um dos melhores character actors da sua geração e merecia ter sido nomeado para o oscar. alguém se lembra do jude law no cold mountain? eu sei que o filme ainda está em exibição, mas alguém se lembra?

american splendor é um filme sobre um tipo normal, que não parece querer ser mais do que isso, apesar da frustração que a sua normalidade lhe traz. é também um filme sobre um génio, daquela categoria de génios cuja maioria nunca terá qualquer tipo de reconhecimento público, que passam toda a vida na exacta fronteira entre o extra e o ordinário. é um filme verdadeiro sobre uma pessoa verdadeira. e isso vocês não vêm todos os dias.

(7/10)jorge

publicado por jorge às 12:43
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