Quinta-feira, 26 de Agosto de 2004
um filme de
sam firstenbergcom
shô kosugi,
keith vitali e
virgil fryeestados unidos,1983
imdbfazendo uso deste espaço de liberdade opinativa que me foi gentilmente cedido pelo zombie-mor, gostaria de deixar expressas nas linhas que se seguem a admiração que tenho pelo bonito filme
revenge of the ninja.
trata-se de um filme sobre ninjas à solta em los angeles, no inicio da década de 80, produzido pela
cannon, com o
real-life ninja sho kosugi como herói principal. acho que esta frase é mais do que suficiente para o caracterizar e para percebermos que estamos perante uma pérola cinematográfica - das grandes!
vingança de ninja, como ficou conhecido por cá, é o segundo capítulo da trilogia do ninja. o primeiro filme chamava-se
enter the ninja e anunciava a chegada de um novo herói ao universo do cinema de artes marciais, não fosse o seu próprio nome uma clara referencia a
enter the dragon que apresentou
bruce lee como o novo ícone marcial na cultura ocidental.
assim apresentava-se o conhecido actor italiano
franco nero no papel do herói-ninja, destacado para defender a bela
susan george do vilão
sho kosugi. devo confessar que a experiência de visionamento deste primeiro filme foi ao mesmo tempo divertida e tortuosa. no primeiro caso porque tive o imenso prazer de ver o mr.
django himself vestido de ninja e a lutar como gente grande. tortuoso porque se trata de um filme de artes marciais repleto de cenas de acção mal construídas, feitas sem empenho, e onde as visíveis trocas entre franco nero e os seus duplos durante as mudanças de planos são o ponto mais baixo.
já o terceiro episódio da saga, baptizado com o nome
ninja III: the domination, apresentava-se como um cocktail que misturava ninjas com possessões de espíritos malignos, onde sho kosugi interpretava o papel de um ninja-exorcista. o filme é claramente produto de uma noite de experiências com muitas drogas e alguns baldes ricos em álcool etílico. não obstante, se alguma vez imaginaram como seria ver a
linda blair no
exorcista, com uma espada de ninja na mão enquanto torcia o pescoço e vomitava sopa de ervilhas, então este será o filme indicado para preencher o vazio.
posto isto, chegamos então a revenge of the ninja - sem dúvida o melhor e o mais inspirado dos 3. o filme conta a história de cho osaki, um mestre ninjitsu que, depois de ver a sua família assassinada no japão por ninjas, é obrigado a fugir para os estados unidos na companhia do único filho que consegue escapar ileso ao massacre. já em terras do tio reagan, cho decide abrir uma loja de bonecas japonesas em parceria com braden, seu amigo de longa data. no entanto ao descobrir que a loja não passa de uma fachada para uma rede de importação de heroína, e confrontado com a traição do amigo, cho enceta uma campanha de vingança que só terminará com um derradeiro combate entre verdadeiros ninjas de barba rija.
feito com um baixíssimo orçamento, e realizado por sam firstenberg (o mesmo de
o ninja americano,
o samurai americano e muitas outras coisas destinadas a acabar no cano), o filme consegue reunir características capazes de o tornar irresistível para qualquer amante do melhor lixo cinematográfico. senão vejamos: temos vilões estereotipados saídos directamente das máquinas de jogos
beat-em-up dos anos 80, dos quais se destacam cowboys assassinos, punks em patins ou mafiosos armados com metralhadoras; graciosas sequências de acção que desafiam constantemente as leis da física; a partitura musical à base de sintetizador utilizada em praticamente todos os filmes produzidos pela cannon nesta altura; um magnifico trabalho de actores, bons em muitas artes... excepto na representação. todos estes aspectos seriam provavelmente prejudiciais em qualquer outro filme, mas aqui servem de elementos contributivos para o puro deleite dos fãs dos ninjas e do mítico estúdio dos primos
golan e
globus. e mesmo que o supra mencionado constituísse um entrave para o exercício de recreação que é ver este filme, deparamos no entanto com a forma entusiástica com que as lutas são coreografadas (a anos luz do primeiro filme), o elevado empenho físico do próprio sho kosugi e a criatividade impressa na construção de algumas cenas de acção.
vingança de ninja é a prova de que o cruzamento entre o universo ninja e a cannon fez maravilhas em prol dos filmes de acção série b. e apesar de sho kosugi de ter participado nos 3 filmes da trilogia, foi aqui que mostrou definitivamente que quem se mete com o ninja lixa-se!
(6/10)pedro
Segunda-feira, 23 de Agosto de 2004
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Sexta-feira, 20 de Agosto de 2004
numa das cenas cortadas contidas no dvd de
pulp fiction, mia wallace profere as seguintes sábias palavras:
"there's only two kinds of people in the world. beatles people and elvis people. now beatles people can like elvis, and elvis people can like the beatles. but nobody likes them both equally. somewhere you have to make a choice. and that choice tells you who you are." quanto a isto na minha mente nunca existiu qualquer tipo de dúvida. e com todo o respeito que me merece a banda responsável por
rubber soul e
revolver, sempre alinhei pela gente do elvis.
esta semana marcou o 27º aniversário do desaparecimento do rei, e o meu plano era comemorar a efeméride com mais uma incursão pelo recente dvd do mítico
'68 comeback special, que já agora aproveito para recomendar a todos entre vocês que tenham ouvidos, mas o
tcm programou uma maratona de 24 horas de filmes do elvis e, como é óbvio, não consegui resistir. como a
tv cabo não disponibiliza a programação completa do canal, a coisa por cá ficou reduzida a quatro filmes, todos da recta final da carreira cinematográfica do rei, mas felizmente incluía dois que nunca tinha visto antes e o meu favorito de todos.
agora, antes que se comecem a questionar sobre a minha estabilidade mental, eu tenho a plena noção do grau de qualidade destas produções. 1968, o ano de estreia de três dos filmes que se seguem, foi o ano de clássicos universais como
2001: a space odyssey,
c'era una volta il west e
night of the living dead, e de alguns favoritos pessoais como
diabolik,
il grande silenzio,
les biches e
where eagles dare. mesmo em termos da carreira de elvis foi um ano importante por uma única razão: e emissão televisiva do já referido comeback special, que revitalizou a sua carreira após anos no limbo provocados, em grande parte, pela sua carreira cinematográfica e filmes da treta como estes.
as coisas podiam ter sido diferentes, talvez. convites de realizadores do calibre de
nicholas ray e
elia kazan, que viram em elvis potencial para protagonizar material mais sério, foram consistentemente recusados pelo seu infame agente, o coronel
tom parker. não havia nos planos do coronel espaço para projectos arriscados e que exigissem que do rei algum tipo de diversidade dramática. elvis no écran não tinha de fazer mais do que interpretar-se a si próprio. parecer cool, cantar uma músicas, sacar a miúda e receber o cheque no fim. assim um inicio promissor com
jailhouse rock e
king creole acabou por parir apenas uma sucessão infindável de comédias musicais palermas, ao ritmo de três por ano, e elvis o músico viu-se reduzido à categoria de intérprete de bandas sonoras igualmente palermas. como podem ver, portanto, não me iludo quanto à qualidade destas produções. mas a verdade é que gosto de filmes palermas. e de música palerma. e a mim estas coisas divertem-me. admito que serão talvez
guilty pleasures. mas com o ênfase muito mais no prazer do que na culpa.
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Quarta-feira, 18 de Agosto de 2004
em primeiro lugar as coisas estão a voltar à rotina. devagar. desculpem se nestes últimos dias isto tem parecido a necrologia, mas têm de admitir que até é apropriado. em segundo, é normal quando se apontam críticas à
rtp recorrer à conversa do "serviço público". a ideia é que, por ser público, o canal devia reger-se por padrões mais elevados do que os canais ditos "comerciais". o zombie já percebeu há muito tempo que a última coisa que pode esperar de canal de televisão, seja ele qual for, é "serviço" de qualquer tipo. e que pertencer ao estado não é propriamente sinónimo de pertencer ao público. não parece realista que se exija substância a um media cuja razão de existir é apenas dizer-nos que a variedade spring fresh do skip, para além de cuidar da roupa com a eficácia habitual, deixa um aroma mais fresco e proporciona uma sensação de bem-estar. não ser "serviço público" não é uma falha da rtp. é a sua própria natureza enquanto canal de televisão. insistir em criticá-la por isso é não só inútil como até um bocadinho infantil. por isso o seguinte comentário é feito de forma menos imatura e com a plena consciência de que o canal do estado não tem qualquer obrigação de ter critérios de qualidade: no passado fim-de-semana a rtp transmitiu
shaolin soccer, uma das mais engraçadas e originais comédias dos últimos anos, numa versão grosseiramente adulterada e dobrada em inglês. e o que o zombie queria dizer a quem quer que tenha sido responsável pela transmissão dessa versão é que a pode meter no cu.
em terceiro lugar, como o zombie gosta de vocês, aqui vão algumas respostas aos leitores que têm encontrado este blog através do google:
aos que aqui chegaram para saber
o que o polvo come, o polvo come, como é óbvio,
pessoas no porto de nova iorque.
aos que vieram demandar
quem é masuimi max, teria de a conhecer melhor para vos ajudar. afinal é difícil saber com verdade "quem é?" alguém, exige um contacto próximo e prolongado, e muitas vezes nem assim. mas era gajo para me
sacrificar. por vocês.
por último, aos que procuraram
figuras de ambiguidade genital, desejo sinceramente as melhoras.
estes são os discos que têm tocado com mais frequência na sepultura:
jorge:
the polyphonic spree together we're heavy
(2004)mark lanegan band bubblegum
(2004)beach boys sunflower/surf's up
(1970/1971 re:2000)shirley brown woman to woman
(1974)ennio morricone mondo morricone (boxset)
(2004)marco:
vários lost in translation - ost
(2004)vários raise the red lantern (music from the films by zhang yimou)
(2003)vários the princess+the warrior - ost
(2002)beck sea change
(2002)tori amos from the choirgirl hotel
(2002)
Sábado, 14 de Agosto de 2004
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Sexta-feira, 6 de Agosto de 2004
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battle beneath the earth (1967)
de
montgomery tully, com
kerwin mathews e
peter arneprodução inglesa, disfarçada de filme americano, a explorar com dez anos de atraso a paranóia anti-comunista dos anos 50. o nível de insanidade é tal que palavras não lhe conseguem fazer justiça, mas fiquem com alguns pontos altos: os chineses escavaram um túnel até aos estados unidos. a sério. fizeram-no recorrendo a uma sofisticada tecnologia que consiste em apontar umas lanternas à rocha e chamar-lhes laser. a ideia é bombardear o país por baixo, utilizando armas atómicas. os americanos descobrem um dos túneis acidentalmente, mas para identificar a dimensão da coisa têm de os ouvir a furar. por isso mandam o país calar-se durante um bocado. o país cala-se e eles descobrem dezenas de túneis conduzindo a zonas estratégicas. tendo em conta a dimensão da ameaça o exército não poupa meios e manda o seu melhor homem acompanhado de um contingente de, mais ou menos, dez soldados e uma miúda gira. isso deve resolver o caso. os chineses (que não são bem chineses, são actores ingleses mascarados de chineses) apanham um dos americanos e fazem-lhe uma lavagem ao cérebro com uma ventoinha a pilhas. o general "chinês", que é uma espécie de vilão do
james bond de trazer por casa, comete no entanto o erro de não matar o nosso herói enquanto pode, optando antes por tentar convencê-lo a trabalhar para ele. pelos vistos não devem ver o james bond na china, ou saberiam que isso nunca funciona. no final fica a utilíssima informação de que é possível escapar de uma explosão nuclear se corrermos à brava. resumindo: é mau, muito mau. mas também é bem mais divertido do que tinha o direito de ser.
(4/10)captain nemo and the underwater city (1969)
de
james hill, com
robert ryan e
chuck connorstentativa pedestre de emular o sucesso de
20,000 leagues under the sea, as semelhanças com o filme da
disney ou o clássico de
jules verne são pura coincidência. o capitão nemo salva os sobreviventes de um naufrágio e leva-os para a sua cidade submarina, onde pretende obrigá-los a ficar para que não divulguem ao mundo a sua existência. como aventura não ultrapassa o morno, requentando ideias do filme anterior (do qual não é uma sequela oficial) e servindo-as sem brilho nem emoção. os momentos de comédia também não têm muita piada e ao fim de um tempo começa tudo a ficar um bocado chato. robert ryan foi uma má escolha para o personagem do título, a meio-caminho entre vilão misantrópico e líder com um coração de ouro, não lhe conseguindo injectar a aura de humanidade de que claramente necessita. os efeitos e o trabalho de modelos não são nada de especial e o design da coisa descai um bocadinho para o ridículo. ao menos a fotografia submarina é bonita, e tem peixinhos e corais com fartura, o que significa que poderá servir de recurso para quando tiverem acabado a colecção toda do
jacques cousteau.
(2/10)jorge