enquanto milhares de casalinhos babados comemoram o dia de s. valentim, o zombie celebra outro tipo de efeméride. passam hoje 73 anos desde que
dracula foi solto pelo mundo. a 14 de fevereiro de 1931 a universal estreava a sua adaptação do romance de
bram stoker. no papel principal estava um emigrante húngaro chamado
bela lugosi. as suas primeiras palavras no écran eram "i am dracula... i bid you welcome" e, como se costuma dizer nestas coisas, nasceu uma lenda. lugosi nem sequer era para interpretar o papel, apesar de ter sido o vampiro no palco com grande aclamação do público, a universal queria uma cara mais conhecida como
lon chaney ou mesmo
paul muni. após a morte de chaney a campanha de lugosi pelo papel (durante a qual pediu inclusivamente ajuda à viúva de stoker) obteve finalmente resultados e a 29 de setembro de 1930 as câmaras começavam a rodar com ele no protagonista.
são muitas as coisas que tornam este primeiro dracula mágico e lhe garantem um lugar de destaque na história da cultura popular. foi a primeira adaptação autorizada do livro, depois de
murnau ter feito o seu
nosferatu sem assegurar os direitos. a cinematografia de
karl freund (que colaborara anteriormente com murnau) é prodigiosa criando uma inquietante atmosfera gótica que ainda funciona hoje. o realizador
tod browning é responsável pela sua quota parte de filmes históricos (e por um dos meus favoritos,
freaks). mas o que torna este filme grande é bela lugosi. visto a esta distância de décadas, com dezenas de vampiros cinematográficos de permeio, é ele que ainda é dracula. outros, como
christopher lee que interpretou o papel pelo menos sete vezes, ajudaram ajudaram a solidificar o mito. em muitos casos aplaudimos o seu trabalho, aquilo que trouxeram de novo ao personagem. mas quando fechamos os olhos e pensamos em dracula é bela que vemos. e ouvimos a voz, de sotaque carregado, "i never drink... wine."
o filme foi um sucesso à data da estreia tendo sido, em grande parte, responsável pelo lançamento do ciclo de terror da universal que incluiu clássicos como
frankenstein e
bride of frankenstein. lugosi, pelo contrário, que aceitara fazer o filme por uma miséria para garantir o papel, estava falido um ano depois. sobreviveu participando em produções medíocres dos estúdios da poverty row ou interpretando secundários em veículos do seu rival da grande tela
boris karloff. vestiu apenas mais uma vez a capa do vampiro no grande écran, em 48, na comédia
abbott & costello meet frankenstein. para terem uma ideia de onde a sua carreira estava nesse ponto, não foi o primeiro actor considerado para o papel porque os produtores pensavam que já tinha morrido. a 16 de agosto de 56, falido e viciado em drogas, o conde recolheu ao caixão pela última vez. foi a enterrar, de acordo com os seus desejos, com uma das capas que vestira no filme de 31.
dracula faz hoje 73 anos e, a preceito com a mitologia vampírica, está tão fresco e jovem como quando estreou. mas o que são umas miseras décadas para uma criatura capaz de durar uma eternidade? listen to them. children of the night. what music they make.
jorge